Ela já havia passado muitos anos amando em silêncio. Foram vários, diversas vezes, muito tempo. Mas naquele dia acordara decidida que não seria mais assim.
Estava cansada. Pelas noites mal dormidas, as horas de trabalho perdidas, os quilos de comida consumidos, algumas lágrimas derramadas. Fazia ginástica pra nao pensar, pensava pra resolver e comia por não conseguir.
Seus amigos já sabiam todas as histórias, principalmente a última. E todos tinham sempre "ótimos" conselhos pra dar. Ótimos, para eles, ela pensava. Ninguém entendia o que ela sentia, a forma como as coisas aconteciam.
Ela amava em silêncio, mesmo estando muito próxima dos seres amados. Próxima a ponto de compartilharem com ela suas vidas amorosas. Sem ela.
Mas aquele dia seria diferente. Eles iriam se encontrar para uma bebida e um bate papo, comum nos ultimos fins de semana. E seria nesse momento que ela iria dizer tudo. Sem pudor, sem medo. Diria cada pensamento já previamente ensaiado na frente do espelho, durante o banho, para os amigos. Cada vírgula, não iria esquecer de nada. Pensou até em escrever um roteirinho. Como desejava uma boa trilha sonora durante o papo!
Se arrumou com gosto, a melhor roupa, o sapato mais sexy, que sempre foi o menos confortável. Maquiagem na medida certa, seu melhor perfume. Saiu de casa confiante, sorrindo sozinha. Os homens na rua torciam o pescoço quando passava, mexiam com ela. Mas nada a fazia sair daqueles pensamentos. Aquele dia ela falaria do seu amor, sem medo das consequências, sem medo de ser julgada.
Chegando próxima ao local, seu coração acelerou. Momentos de decisão sempre a deixavam intensamente nervosa. Mas ela sabia disfarçar. Sempre soube. Respirou fundo, abriu a porta e logo o encontrou com os olhos. Aqueles olhos amigos, de tantas horas de conversas, sobre todos os assuntos. Comprimentaram-se, um beijo carinhoso e um longo abraço. Como ela gostava desses longos abraços.
Sentaram pediram a bebida e quando ela percebeu já estavam rindo, bebendo e conversando como em todas as outras vezes. Ela ficou observando seu sorriso. A mão dela estava repousada sobre a dele, e tudo o que ela sabia naquele momento era que seus dentes eram lindos e sua mão estava um pouco fria.
A vontade de falar tudo veio tão intensamente como foi embora. Não, ela não havia deixado de amá-lo. E também não queria que ele não soubesse.
Simplesmente não tinha coragem de interromper aquele sorriso. Ela sabia que nada iria abalar aquela amizade, mas naquele dia preferiu continuar amando em silêncio por mais algum tempo, vivendo aquele momento fantástico que era só dela, que ninguém jamais entenderia. Ela sabia que ele também a amava, fosse qual fosse a forma e isso já bastava naquele momento. Quando tudo se tornasse insupotávelmente latente de novo ela criaria conragem e falaria.
Permaneceu sentada, conversando alegremente, com os olhos fixos nos dele, as mão se tocando nervosamente durante toda a noite e o coração confortado com a idéia de que ele estava lá, com ela.
PS: Sim, esse texto é meu e nem tudo é ficção.
quinta-feira, setembro 09, 2004
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2 comentários:
Sem comentários... buáaaaa!!!
=)
bjos
Ka
Oi!!! A gente realmente é parecida. Hehehe... engraçado isso né???
E sabe, acho a melhor coisa do mundo a gente escrever pra poder desabafar!!! Muito bom.
De onde vc é??? Bjus
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