VIda Bumerangue

Meses haviam passado. Ela já estava certa de que aquela seria mais uma história de sua vida que assim como começou sem avisar, terminara sem avisar e tudo bem. Sua vida corria bem, outras pessoas passavam, marcavam, causavam parte daquela alegria. Raramente ela se lembrva dele, a não ser quando faziam um pequeno contato telefônico ou virtual.
Até quele dia. Impressionante como os acontecimentos na vida desses dois eram sempre repentinos, causando reaproximações tão intensas quanto inesperadas. Ele a procurou naquele dia, um momento difícil. E depois disso sua vida virou de pernas pro ar novamente. Parecia para ela que ele sempre vinha com uma corrente de novidades que invadiam sua vida. Foi assim da primeira vez, estava sendo assim agora. Mas ela sabia que não adiantava lutar contra sua vida bumerangue. Eles sempre foram e voltaram, sempre se reaproximavam, como amigos, carentes, querendo voltar. De um jeito ou de outro, sempre voltavam. E esse era apenas um outro bumerangue, que retornava para suas mãos. A diferença é que dessa vez ela não desejava arremessá-lo para longe novamente. Era um bumerangue bonito, caro, querido. E ela queria apenas guardá-lo por algum tempo.
Os ultimos dias estavam sendo difíceis. Sua vida, como já dito, estava numa corrente de mudanças. Mas entre um trabalho e outro, seu pensamento pousava levemente nas lembraças daqueles toques, na angustia de mais uma vez estar perdida, no desejo que voltava sem sua permissão.
Dessa vez seria diferente? Ela garantia a si mesma que sim. Pelo menos suas atitudes seriam diferentes, para que não enlouquecesse, nem perdesse de vez aquele adorado bumerangue que sempre teimava em voltar.
Ele ligou, ela foi ao seu encontro. Já era a segunda vez em uma semana. Apesar da dúvidas seu coração estava feliz. E dessa vez ele a procurava, o que já era alguma mudança em todo o quadro.
E lá estava ela novamente, encarando todas as possibilidades, sentindo intensamente cada toque, adorando cada momento, sorrindo de felicidade.