Paula tomava café todos os dias na padaria em uma esquina do bairro de Pinheiros. Sempre café com leite e um pão na chapa. Assistia o jornal em uma TV pequena enquanto comia, levantava agradecendo o chapeiro e ia embora.
Quase todos os dias, sentado no canto, atrás de um pilar, João assistia o jornal enquanto comia um pão com queijo branco e tomava um suco de laranja. Um dia, reparou na moça de óculos escuros, que comia todo dia a mesma coisa. Ela sempre assistia o jornal. E ele passou a assisti-la, afinal, as notícias eram quase sempre as mesmas. Quando ela ia embora, João tomava o último gole do suco e caminhava para o ponto de ônibus.
Sandra tentava sair de casa sempre no mesmo horário. Se conseguisse pegar o ônibus às 8h30, chegaria sempre na hora no trabalho. Mas isso era impossível. Agora, saindo sempre quase 9 horas, pegava o mesmo ônibus que aquele cara. Moreno, alto, forte. Sempre de camisa. Sempre subia na frente da padaria. E enquanto ele estava lá dentro do coletivo, ela não conseguia prestar atenção em mais nada.
Sempre que a menina loira entrava no ônibus, Cesar sorria. Ela tinha um ar acelerado, parecia estar sempre atrasada. Mexia no cabelo, levantava o óculos de sol, mudava de música no MP3. Ela subia num ponto, ele descia cinco pra frente. Mas era tempo suficiente para deixar o dia dele mais feliz.
Todo mundo admira alguém. E todo mundo está sendo, de alguma forma, admirado por alguém. É um ciclo, é pra todos, é natural.
segunda-feira, novembro 24, 2008
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Um comentário:
Que visita mais inusitada, dona Carol!
Muitíssimo obrigado pelas palavras...
Quanto a esse texto: leve mais como este para a aula! muito bom!
Aliás, existe aula ainda?! Imagino que minhas tentativas de projeção astral para simular minha presença...
Tentarei aparecer lá, nessa quinta-feira!
Bom, beijos...
... e obrigado pelos peixes!
Até
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