Tomo o que resta de café na xícara em um gole. Está doce, meio gelado. Como sempre, eu tomo o último gole gelado. Faço uma careta, mas penso em pedir mais um. Café nunca é demais. O moço do balcão já me conhece e sabe como eu gosto, sem creme, com leite. Ele também sabe que eu gosto do bolo de banana com chocolate, meio quentinho, e que eu como sem garfo, porque gosto mesmo é de comer doce feito criança. Peço outro café e um bolinho e ele sorri, partindo imediatamente atrás do meu pedido.
Olho novamente para a tela do computador. No ouvindo uma música espanhola, instrumental, só violão. A imagem the boy with a guitar atinge minha cabeça feito uma pedra. Tento me concentrar em qualquer outra coisa, escrevo mais meia dúzia de palavras sem sentido e paro.
O moço do balcão sabe que eu gosto de escrever naquele canto, onde ninguém me vê e eu vejo todo mundo. Ele sabe que eu sempre levo pessoas lá e sabe quem tem sido minha companhia mais freqüente. Se bobear, o moço do balcão até desconfia que a gente seja um pouco mais que amigos, mas ele sempre me olha com aquele sorriso abobalhado e repete o meu pedido.
Meu café e bolo chegam, quentinhos e perfumados. Adoro aquele ambiente meio escuro, aconchegante. Olho para o moço do balcão e agradeço. Ele sorri e fica ali parado por uns 10 segundos, como se fosse me dizer alguma coisa. Nossos olhares se cruzam por esse tempo e eu morro de vontade de falar: Ei, moço do balcão, sabe aquele cara? O que você acha? Melhor que o que vinha antes? Sei lá, to tão na dúvida. Fala moço! Você, que conhece tão bem meu gosto para o café, podia me ajudar a decifrar como gosto dos meus homens! Sabe, moço, ele beija tão gostoso que eu poderia desistir desse bolo agora mesmo, por outro beijo. E a mão dele moço, é leve, mas é forte. E ele tem aquele olho, que eu nunca consigo descobrir a cor. Eu tinha prometido que não ia gostar dele, sabe moço? Mas não sei o que aconteceu. Acho que perdi a promessa naquele sofá. E o pior, moço, é que eu continuo lutando bravamente contra tudo isso, mesmo achando que de certa forma ele até deve estar gostando dessa história também. Será que você não tem aí uma solução pra mim, pra viagem?
Mas eu não falo nada. Nem ele.
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
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