Passagem de volta

Já se passaram 4 dias. Não. Na verdade, passaram-se onze anos e quatro dias. Mas foi só nessa última semana que eu perdi o fôlego. Meu estômago dá voltas, como se a queda da montanha-russa não terminasse nunca mais.
Os sentimentos mais profundos emergiram numa água meio turva, que não sai no choro, nem no riso. E fica tudo isso aqui, boiando.
Já tentei escrever mil vezes, contei a história em voz alta e em silêncio, numa tentativa louca de arrancar você de mim. Mas não consigo.
O calor do seu abraço me envolveu, o gosto do seu beijo voltou pra minha boca e a vontade de ter você inteiro amoleceu meus joelhos. Agora ando cambaleando por aí. Um misto de medo e vontade, de egoísmo e amor, saudade e tristeza, tudo junto, ocupando todo o espaço que existe dentro de mim. O ar não entra. Suspiro profundamente e o ar não entra. A queda da montanha-russa não termina.
Pra mim seremos sempre meio folk, meio punk rock. Estávamos por aí e agora estamos aqui. De frente um para o outro, sentados na mesa com o nosso passado, bebendo com o nosso presente e esperando o nosso futuro.
Agora não somos mais inocentes. Existiram outros e outras, que estão por aí, rondando nossas vidas. Mas você é diferente. Com você sempre foi assim: direto, sincero, intenso.
Você devia vir com bula. Modo de usar e efeitos colaterais. O estômago está revirando, mas resolvi agüentar o enjôo, que é um dos efeitos de ter você por perto. Quero encaixar no seu abraço, beijar você novamente, sentir seu cheiro de roupa lavada e sua mão leve tocando meu rosto. Pelo menos mais uma vez. Traz seu olhar silencioso que eu levo minha verborragia charmosa. Vamos fazer toda essa cena romântica mais uma vez. E depois, voltamos a ser amigos.
Não tenho coragem de prender você a mim. Seria injusto com o mundo colocar um pássaro tão lindo numa gaiola. Quero você mais uma vez. E então você volta a voar pelo mundo. E se um dia quiser, minha janela estará aberta. Você sempre terá passagem pra voltar pro meu mundo.