
Naquele dia ela acordou com uma dúvida. Não era uma pergunta formada, ela ainda não sabia definir o que estava em questão. Mas era claro que havia uma dúvida.
Levantou e foi ao banheiro e ao se olhar no espelho sorriu. "Não, isso não é questionável". Escovou os dentes, lavou o rosto e se olhou novamente. A pesgunta começou a se formar, mas novamente ela sorriu e foi embora. Não queria nem pensar na possível pergunta pois acabava não fazendo sentido. Tudo ia muito bem entre eles.
Durante o trabalho concentrou-se em não pensar nessa duvida. Resolveria isso mais tarde.
Então, no meio do dia uma ligação. Era ele, como sempre muito doce, apenas ligando para dizer um oi, hábito entre os dois.
Ela desligou e de repente entendeu tudo. A dúvida não passava do seu organismo reagindo a algo quase inédito. Pela primeira vez em muitos anos ela estava envolvida num realcionamento sem neuroses. Sem brigas, sem desconfiança, sem ligações cheias de cautela, sem meias palavras. Pela primeira vez em muito tempo ela gostava de alguém que gostava dela. Pela primeira vez ela podia acordar de manhã sem pensar "Será que ele pensou em mim", porque ela sabia que sim, ele havia pensado nela também.
E essa novidade estava gerando o medo que vem sempre junto com o amor. Mas ela sabia, isso não era questinável.
Encontraram-se a noite e no momento em que ela o beijou a duvida se desmanchou em seu peito. Ela só pensava na certeza daquele abraço, na presença da boca que a beijava. Ela já não duvidava da pele, do cheiro, da familiaridade que já existia entre aqueles dois corpos. Ela não pensou mais. A dúvida se foi. Passaram todo o tempo que puderam juntos e tudo o que ela pensou foi que realmente estava em outro nível, estava amando. Amando cada momento, cada suspiro, cada carinho.
Na verdade nunca houve dúvida, apenas cautela de quem já teve por diversas vezes o coração machucado.
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