terça-feira, abril 22, 2008

Violência Delivery

Vivemos num mundo estranho. onde a comida é rápida, a vida é curta e os prazeres são condenáveis, enquanto que vícios e atos absurdos são cada vez mais perdoáveis apoiados em teses psicológicas e outros papos furados.
A violência na cidade grande não se resume apenas ao trânsito e aos crimes. Hoje em dia a violência está em coisas banais como pegar um ônibus, enfrentar uma fila para um show, fazer uma corrida no parque. Se você estiver distraído e por azar trombar com alguém infeliz e nervoso, prepare-se: um mundo de insultos pode cair sobre sua cabeça.
E para melhorar o quadro de vez, agora também temos a violência entregue em nossas casas, até mesmo quando não pedimos, com o simples apertar de um botão.
Ligamos a tv e assistimos às atrocidades que o ser humano é capaz de cometer. Pessoas sequestradas, assaltadas, crianças que apanham dos pais e agora essa última, da menina jogada pela janela. Quem, nesse imenso país, não parou por pelo menos 5 minutos sentindo-se consternado com essa situação assustadora?
Então surgem as discussões. A mídia está certa de cobrir tudo com tantos detalhes quantos forem possíveis? Ou deveria deixar a polícia fazer seu trabalho e depois sim, mostrar os fatos e somente os fatos, com suas comprovações?
Não sei qual seria a melhor alternativa, ou a menos ruim, visto a barbaridade do caso. Mas não me convenço que essa oferta de detalhes sórdidos na minha tv seja apenas a mídia querendo cumprir seu papel social. Para mim há apenas o interesse de gerar entretenimento para os “consumidores” da programação, como a briga de quem dá a notícia primeiro, quem tem a imagem mais exclusiva, qual o comentárista acertará o nome do assassino no final. Eles querem apenas entreter e, para a nossa indignação, muita gente compra esse produto com o maior prazer a aceita a violência delivery que nos é oferecida pelas mídias nos dias de hoje.
Cada dia me impressiono mais com as coisas estranhas desse mundo onde vivemos. Porque se acertar quem foi o assassino de uma criança inocente for motivo de comemorar alguma coisa, não quero nem imaginar o que mais pode acontecer.

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