Claudia já estava solteira há 3 meses. Passou pela fase da negação, do ódio, de rasgar as fotos, de se arrepender, de ligar e desligar o telefone, conseguiu chegar na fase da aceitação. E na última semana chegou na pior de toda as fases.
Começou com uma irritação, uma inquitude que não passava. No trabalho a concentração não comparecia. A não ser quando aquele gerente do quarto andar passava. Ela não podia deixar de olhar o rosto, quando ele vinha, e aquela bunda gostosa quando ele ia. Aliás, ela começou a reparar em quase todos os homens do seu andar. Até naquele estagiário novo, magrelo e desajeitado ela conseguiu ver algum charme.
Ficar três meses sozinha, meio deprimida, precisando de atenção não foi fácil. Mas passar por essa fase onde o corpo fala mais alto e o tesão praticamente vira o seu melhor amigo, estava sendo um pouco mais difícil.
No desespero carnal que se encontrava, resolveu ligar para algumas amigas, pegar um barzinho, encontrar um bom macho alfa.
A caçada foi bem sucedida. No meio da noite encontraram alguns amigos em um bar da Vila Madalena e entre eles estava o Fernando. Ele era o amigo do amigo da amiga, o cara perfeito para os objetivos daquela noite. Sem amarras, sem sentimentos, ela só queria conseguir voltar a pensar com seu cérebro.
Sentados lado a lado discutiam com o resto da mesa o amor próprio. Afinal, papo cabeça é a especialidade de qualquer mesa com mais de dois alcoolizados. No auge de seu discurso ela disse a profunda e pouco original frase “Mas gente, se eu não gostar de mim, quem vai gostar?”. Fernando, que já tinha sacado uma vibração diferente na sua nova amiga de bar, respondeu prontamente “eu gosto.”. Palavra mágica. Dois minutos depois eles estavam se beijando e se pegando no corredor a caminho do banheiro. Meia hora depois, resolveram ir embora.
Fernando cumpriu bem sua função. Fez jus ao seu tamanho e potencial, e ainda contou com aquela ajuda camarada do álcool, que faz tudo parecer muito melhor. Deixou um bilhete com o seu telefone, seu perfume no travesseiro e uma lembrancinha agradável.
No dia seguinte Claudia acordou mais leve, mais feliz. O dia passou agradável, ela pensou poucas vezes no ex, algumas no Fernando. Pensou em ligar, mas lembrou vagamente que as palavras entre eles não fluiam tão bem quanto os beijos. Ele não tinha a mesma pegada nas conversar e na cama. Mas por via das dúvidas, deixou o telefone dele guardado na agenda. Ela sabia que esse período de secas e desesperos podia durar um pouco mais. E no mundo em que vivemos, onde toda comida é entregue em casa, basta você ter o telefone do restaurante certo para saciar a sua fome.
segunda-feira, maio 19, 2008
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