segunda-feira, março 16, 2009

Em todos os cantos

Quando eu estava no céu, gostava de ver tudo pequenininho lá embaixo, pensando que era um gigante e que nada poderia me deter. O vento acariciava meu rosto e bagunçava meu cabelo e secava minha boca. Mas mesmo assim eu sorria e batia minhas asas e dava rasantes sobre as árvores.
E aí eu caí na terra. Tudo que eu via pequeno lá de cima ficou muito maior que eu. A vida era sólida, rude, áspera. A realidade encolheu minhas asas. Mas aí eu descobri que podia correr. Minhas pernas eram fortes e a vontade de ir sempre pra frente era enorme. Voltei a sentir o vento passando seus dedos suavemente entre meus cabelos e corri, corri, corri. Até o fim da estrada. E caí do penhasco.
Mergulhei no mar e achei que era o fim. Mas consegui respirar depois de algum tempo. Deslizando na suavidade da água, sentia que era uma porção daquela maravilha azul. Bati os pés num ritmo cadenciado e nadei, por cavernas, corais e cardumes. O tempo todo aquela sensação continuava ali. Uma leveza no peito que sempre me fazia sorrir. Nadei nas profundezas e depois nadei na superfície. E quando coloquei a cabeça fora d’água um pássaro enorme me fisgou com suas garras e me levou para o alto. Senti o vento e vi tudo pequeno e sorri com a boca seca. E quando o pássaro descuidado me deixou cair, consegui bater minhas asas novamente.
E em todos os momentos, no céu, na terra, no mar, no ar, sempre que sorria e sentia meu coração bater feliz, lembrava de você.

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