As mãos suadas, o coração batendo fora do compasso, as pernas tremendo, moles. Assim estava eu essa manhã, na minha segunda tentativa de tirar a carteira de habilitação. Temporã, resolvi ir atrás disso agora, no auge dos 25 anos e o saco explodindo de andar de ônibus. Chega uma idade que a gente precisa colocar alguns limites. Andar de ônibus é um deles.
É ridículo como ficamos nervosos durantes essas provas. A ansiedade é tão densa que é quase possível pegar um pedaço dela no ar. As meninas falam sem parar, os meninos tentam se distrair para não mostrarem que também estão se cagando de medo. Os professores da auto-escola estão prontos para comemorar, rir ou tirar um sarro da cara de cada um que desce do carro. E lógico, temos o temido, o mal compreendido, o mal amado examinador.
Aquele ser meio acinzentado que só sabe dizer “Tá pronto? Pode ir. Para ali. Tá bom. Pode ir. Para ali. Tá bom. Pode ir. Para ali. Esqueceu a seta. Tá bom. Para ali. Tchau”. Eles são amargos, mal humorados, sem educação e têm o emprego mais chato do mundo depois dos ascensoristas. Dá pra entender porque vivem naquele clima.
Nunca vou esquecer a primeira instrutora, que me reprovou. Tudo bem, e deixei o carro morrer. Mas quem não ficaria atrapalhado com uma pessoa igual a ela ao lado? Aquela cara feia e aquele cabelo precisando de uma hidratação vão morar pra sempre na minha memória das coisas assustadoras que já vi na vida.
Mas, apesar de todo esse cenário horripilante que faz tantos jovens perder o sono e a fome, hoje eu acordei e fui lá resolver essa pendenga. Passei nervoso, esqueci uma seta, mas dei um foda-se pra cara feia do instrutor e passei. E foi como sentir asinhas crescendo nas minhas costas. A liberdade que eu sempre gostei de ter, agora vai ganhar um plus. Com quatro rodas, flex e quem sabe até uma direção hidráulica. Cuidado São Paulo, aí vou eu.
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