O beija-flor

Era uma vez uma flor.
Ela ficava quietinha, lá, parada no jardim, fizesse sol ou chuva.
Era uma flor bonita, colorida e simples. Uma flor que cumpria sua obrigação de flor.
Conversava com as amigas flores ao redor, gostava do fim da tarde e das primeiras horas do dia. Preferia quando os passarinhos estavam cantando.
Em dias muitos frios, a flor se fechava, em dias quentes a flor sorria. Mas eram poucos os que reparavam nisso.
A flor era feliz, na sua simples vida de flor. Não queria ir para um vaso, tão pouco enfeitar uma sala triste qualquer. Ela gostava de estar bem ali, naquele jardim, perto da árvore, entre duas pedras, a alguma distância do formigueiro.
Mas um dia, um beija-flor veio em sua direção. Rápido, azul, batendo suas asas, parando de quando em quando. A flor não podia fazer nada, então ficou ali olhando aquela visita tão inesperada. Ele era tão feliz quanto ela, isso ela podia ver.
O beija-flor chegou perto, perto, perto... e beijou a flor.
A flor continua feliz, lá no jardim. Mas olha todos os dias pro céu, pensando quando será que aquela vida azul-veloz passará por ali novamente.