quinta-feira, setembro 20, 2007

A menina chorando no ônibus

Em toda a minha vida sempre fiquei curiosa ao ver pessoas chorando no ônibus, no metro ou andando na rua. Na maioria das vezes eram mulheres. E sempre podia notar que era um choro que não tinha como ser contido. Um choro que fugia do controle, da vergonha de ser fraco em público.
Pensava, ao passar pela pessoa, se ela estaria passando mal, se havia sido demitida ou se acabara de terminar um relacionamento. Seja lá como for, sempre me entristeceu essa cena.
Essa semana, entretanto, entendi como se sentiam essas pessoas. Dessa vez, eu era a menina chorando no ônibus. Chorava de raiva, de ódio, de humilhação. Mas também chorava a perda, do controle, dos amigos, do emprego.
Estava tão ferida, tão decepcionada que não conseguia lembrar que pessoas estavam ao meu redor, assustadas com meus soluços, com minhas lágrimas que teimavam em cair sem parar.
Chorei em público pela primeira vez em muitos anos. Chorei de perder o ar, de doer o peito, de latejar a cabeça. E de repente vi aqueles olhares, os mesmo que eu devia lançar para todas as meninas que já choraram no ônibus: um olhar de impotência e cumplicidade. Um olhar que diz "sim, menina. Chora tua dor, que com certeza é nossa também".
Ontem eu fui a menina que chorava no ônibus. Mas já passou. Hoje eu apenas sinto saudade daqueles que entraram para a minha vida para nunca mais sair. Ainda bem que naquelas lágrimas haviam algumas que representavam o alívio de estar livre e ter feito grandes amigos.
Aos que merecem, obrigada. Aos que não merecem, minhas lágrimas já disseram tudo.

Um comentário:

Bipolaridade disse...

ontem eu fiz o mesmo que vc
ontem eu chorei no ônibus..
as minhas lágrima caiam no ombro de uma pessoa que estou sendo forçada a deixar pelo mesmo motivo que vc ..
é uma dor amarga é uma sensação de pesadelo, mas um pesadelo onde estou presa..

eu não sei o que eu vou fazer agora..]
tenho um vazio enorme em mim

=x