quinta-feira, outubro 04, 2007

Direito de escolha

Tenho visto matérias falando sobre o mesmo caso há dias. Mães que têm seus filhos e os abandonam em rios, lagos, lixeiras. Mulheres que tentam esconder da família uma gravidez indesejada, e quando a criança nasce, não sabem o que fazer com aquele ser.
A situação corta o coração de qualquer ser humano com sentimentos. São crianças, indefesas, puras e que já sofrem com uma rejeição total.
Coincidentemente, estava dentro de um ônibus quando escutei duas mulheres conversando. As duas diziam ter dois filhos e que ao pedirem para seus médicos realizarem a laqueadura, eles simplesmente se negaram. Conflitante, não? Aparentemente, se você tem dois filhos homens, pode ser que queira uma mulher e vice-versa, então eles se recusam a fazer a operação. E se seu marido for do tipo machão que também não aceita operar, azar o seu.
Essa é de longe a pior desculpa que existe, depois do famoso "não é isso que você está pensando".
Se a mulher tem uma vida simples, está dando a luz ao segundo filho e quer operar ela tem direito. Assim como todas têm o direito a instrução, a educação sexual, a dizer não para o marido e sim, sou parcialmente a favor do aborto também.
Não apoio essa idéia maluca de aborto até o nono mês. Sejamos sensatos. Mas apoio sim, um aborto realizado até o terceiro mês, se a outra opção for uma criança abandonada num rio poluído.
Não entendo por que, num mundo superpopulado como o nosso, uma mulher não pode ter a opção de dizer "não, não quero colocar uma criança no mundo agora, pois ela vai ser infeliz, vai sofrer e não merece isso." Por que não oferecer um serviço com acompanhamento psicológico, para ver se a mulher realmente precisa fazer o aborto?
Por que, neste país machista, homens terão auxílio do governo para fazerem uma cirurgia de mudança de sexo (nada contra também), e uma mulher não pode decidir o seu futuro?
Fico pensando nessas questões enquanto vejo enfermeiras lutando por uma vidinha que mal começou e já tem que lutar para vencer os preconceitos e paranóias de pessoas que se julgam sensatas.

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